domingo, 17 de outubro de 2010


Esperar...

      Esperar, verbo de tantas acepções...leio no Houaiss, “ter esperança (em), contar com, confiar em; não agir, não tomar decisões, não desistir de algo, não ir embora etc., até a efetuação de um evento que se tem por certo, ou muito provável, ou muito desejável; estar ou ficar à espera (de); aguardar; contar com a realização de algo; desejar, torcer para; estar reservado ou destinado a; considerar (algo) como provável, com base em indícios; supor, presumir, conjecturar, imaginar”. Agora, fico pensando em ter de optar por uma delas. Fácil seria aquela que mais convém. Afinal a maioria das vezes é isso que fazemos para tornar a vida mais leve, optando pelo que nos é conveniente, não por comodismo ou má intenção, mas apenas como uma estratégia de sobrevivência, afinal, não é tão fácil assim dar a cara a bater, principalmente para quem experimentou por muitas vezes o que isto significa. E fico pensando em cada uma das acepções, como se alteram uma vez colocadas no contexto que estamos circunstancialmente; ora nos mobilizam, ora nos imobilizam, estar sujeito ao provável, ao desejável, ao aguardado, ao suposto, ao presumido, enfim, a tudo aquilo que pode vir a ser, não combinando, paradoxalmente ao que é. Difícil. Bem difícil. Resta-nos pensar que para o outro talvez seja assim, também. É hora de exercermos nossa alteridade, pensar o outro na mesma situação, de espera. Talvez sinta a mesma coisa. Talvez peça compreensão por fazer esperar, afinal sempre há razões maiores que a nossa, que esperamos. Mas esperamos, mesmo assim. Talvez. Mergulhados na impermanência das coisas, das situações. Das definições, dos conceitos. Mais ainda, das fantasmagóricas indefinições que permeiam nosso cotidiano. Superadas, talvez, só por nossos sentimentos. Sentimento de querer, de gostar, de desejar, de amar. É. Por aí. De amar e esperar. Que combinação! Saber que as coisas acontecem desafiando nossa racionalidade, por estranhos caminhos, uma ditando o significado da outra numa dialética imperturbável. Nossa consciência de finitude sendo desafiada pelo tempo implícito na espera. Mas o tempo também é experiência. E insistimos. Desejamos. Queremos. E esperamos. Do amor, nada falo, apenas sinto e sei. Ainda fico – e insisto - com Roland Barthes, já citado num outro texto, aí embaixo: “querer escrever o amor é afrontar o atoleiro da linguagem: esta região desesperada em que a linguagem é ao mesmo tempo muito e muito pouco, excessiva (pela expansão ilimitada do eu, pela submersão emotiva) e pobre (pelos códigos mediante os quais o amor a rebaixa e reduz)”. É isso. E prá garantir, deixo a porta aberta. E espero...