segunda-feira, 15 de março de 2010


Prá efeito de...

...continuar esse exercício de escrever, acomodar as palavras no papel ou na tela do computador - aqui elas brilham - tentar buscar o significado do pensamento em palavras dispostas lado a lado, vírgula, palavras, vírgula, palavras, um del eventual e caprichoso e assim vai, espaço, enter, espaço, enter, e a perseguição ao pensamento, rápido, com receio de perder o que se quer colocar aqui, temor de não fazer sentido algum, ou ter algum e não compreender muito bem, enfim, mas antes de prosseguir explico que esse texto é apenas breve pausa para prosseguir escrevendo sobre uma tarde quente quando começara ( quem começara? o quê começara?) a recordar como iniciara a relação com ela (que ela? quem?), o encontro no café, enfim, tá aí embaixo, é só dar uma lida, ou relida, depende, então, prosseguindo, tem um certo jeito de aventura, no mínimo, no máximo, insensatez, esse negócio de escrever, publicar num blog, ser criticado, sem nem saber dessas críticas, meio chato, se soubesse, ao menos, tentaria melhorar, mas melhorar o que, escrevo porque quero e pronto, ou ponto, que não uso, só uso vírgulas, é melhor, acho, aproxima da fala, sem lá muita pontuação, deixa-se sair a palavra, algumas são insistentes, ela que adquira pontuação e sentido na cabeça de quem ouve, se tiver algum, devolve, pronto, aí está o diálogo, que assim será compartilhado, desenvolvido, agora dois, não um, buscando o significado das coisas, não digo da vida , pretensão total, nem acho que se deva a algum significado mais misterioso e sofisticado do que viver, simplesmente viver, bastar-se viver, e encarando tudo o mais como detalhes que dão sentido prá isso, detalhes, mas quê detalhes, não é mesmo, pergunto, meio desconfiado da interrogação e afirmação, ao mesmo tempo, quase uma arrogância existencial, passando por cima de ódios e amores, mas, enfim, em certo sentido é assim mesmo que seguimos vivendo, às vezes pedantes, às vezes atrevidos, em outras tantas nem aí, às vezes muito humildes aceitando o peso de algo de que nem sabemos ao certo o que seja, às vezes com sofreguidão, outras com muita disposição, em outras ainda, ousados, tentando ponderar certezas e dúvidas, buscando segurança nesse mal disfarçado fio de equilibrista mas de qualquer maneira, sempre com muita vontade, com muito tesão em ter e fazer dessa experiência, apaixonante acima de tudo, que é a vida, simplesmente a nossa vida, e se envolver o amor, então... mas aí fico com Roland Barthes, “querer escrever o amor é afrontar o atoleiro da linguagem: esta região desesperada em que a linguagem é ao mesmo tempo muito e muito pouco, excessiva (pela expansão ilimitada do eu, pela submersão emotiva) e pobre (pelos códigos mediante os quais o amor a rebaixa e reduz)”.... "saber que não escrevemos para o outro, saber que essas coisas que vou escrever jamais me farão amado de quem amo, saber que a escrita não compensa nada, que ela está precisamente ali onde você não está - é o começo da escrita."(FDA)...mas isso é quase, novamente, retornarmos ao fio, não o da meada, e sim ao do equilíbrio...mas confesso que a minha vontade era escrever: ao fio da navalha...

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