domingo, 4 de abril de 2010


E é...
... domingo. Nunca sei se inicia ou termina a semana, prefiro acreditar que inicie, ou é uma pausa entre a outra, pergunto enquanto tomo um gole de café, trago longamente meu cigarro, fumaça (lembro imediatamente da música: e continua o teu sorriso no meu peito, essa saudade... o cigarro, a luz acesa), olho pela janela e imediatamente lembro que, enfim, é outono, estação que nos lembra tantas coisas, uma primavera às avessas, bela, ao seu modo, e que modo, exclamo, e com Vivaldi, então, e logo penso fazer várias coisas que estão em suspenso, paradas, textos a serem retomados, outros recém iniciados pedem continuação, organizar alguns livros retirados das estantes, mas fico mais um pouco pensando no que significa a espera, é, esperar alguém, aguardar, e percebo, meio sonolento, que significa, entre tantas outras coisas, desejar, querer com intensidade, ao mesmo tempo em que relembro como nos conhecemos, e o quanto relutei, e o quanto ela esperou por um sinal, quase desistindo, e a alegria de, enfim, resolver sentir mais uma vez a emoção de querer alguém, de sentir-se novamente apaixonado, e o quanto ela ficou feliz, do que isso significa, do novo olhar que lança para sua realidade, de promessas de mudanças tão desejadas, de transformações, tantas vezes adiadas, e percebo em mim algumas mudanças, reticentes mudanças, confesso, mas que admitidas que são, trato de realizá-las, agora admitindo que podem ser importantes na redescoberta de um sentimento há muito deixado quieto, era preciso que assim fosse, porém, agora de uma maneira um pouco diferente, mais trabalhado, maduro, diriam outros, pode ser, afinal, temporalidade serve prá isso, maturar sentimentos, deixá-los mais serenos, sem no entanto perderem a intensidade da paixão, que sem isso não dá prá viver, e nesse outro sentir, que é o sentir sereno e apaixonado, lembro dos diálogos, a princípio tímidos, como convém, depois intensos, como convém, também, e a decisão, enfim, do encontro, tão aguardado, e depois deste,  dessa experiência intensa do conhecimento, do abraço, dos abraços, do toque, dos carinhos, do diálogo olho no olho, dos risos, do choro,  do  reconhecimento de um no outro, a partida, dolorosa, sentida, mas estranhamente suportável pois agora, é esperar, novamente, com a diferença de que a serenidade dessa espera é a certeza de mais um encontro, preparando o definitivo, desejado e realizado, e imediatamente me surpreendo cantarolando baixinho Lupicínio, “..volta, vem viver outra vez ao meu lado...não consigo dormir sem teu braço, pois meu corpo está acostumado...” é,... é domingo....e chove...

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